Fonte:http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/cacadores-de-fosseis/novo-mamifero-fossil-da-argentina
Novo mamífero fóssil da Argentina
Pesquisadores encontram exemplares de mamífero fóssil em rochas de 95 milhões de anos na província de Rio Negro que representam uma nova espécie de um grupo muito raro que antecedeu aos placentários e marsupiais. A descoberta é o tema da coluna de Alexander Kellner.
Por: Alexandre Kellner
Publicado em 11/11/2011 Atualizado em 11/11/2011
Reconstrução do ‘Cronopio dentiacutus’, mamífero nativo da Argentina altamente especializado, com focinho longo, grandes caninos e características dentárias sem paralelo entre espécies extintas ou existentes. (ilustração: Jorge Gonzalez)
Uma das grandes questões que permeiam debates entre os paleontólogos é a origem e a diversificação dos mamíferos. Para responder essa questão de forma satisfatória, somos obrigados a examinar os restos de formas extintas preservadas nas camadas geológicas da Terra.
E aí está o problema: justamente na era Mesozoica, quando surgiram os primeiros mamíferos, existe uma escassez enorme de vestígios desses animais com pelos. Para se ter uma noção, fósseis de mamíferos são mais raros do que fósseis de dinossauros!
Felizmente, de vez em quando, alguém descobre exemplares mais completos. Justamente é o que Guillermo Rougier, da Universidade de Louisville (Kentucky, Estados Unidos) e os seus colaboradores acabam de fazer. Eles encontraram restos cranianos quase completos de uma nova espécie de mamífero de 95 milhões de anos, cujo estudo foi destaque da prestigiosa Nature.
Visões ventral e dorsal de crânio quase completo de uma nova espécie de mamífero de 95 milhões de anos encontrada em camadas que afloram na província de Rio Negro, na Argentina. (foto: Guillermo Rougier)
Mamíferos atuais
De uma forma simplificada, podemos afirmar que hoje existem três grandes grupos de mamíferos: monotremados, marsupiais e placentários. Entre as principais distinções desses grupos está a maneira pela qual nascem os seus filhotes.
Os mais primitivos são os monotremados, representados por poucas espécies que vivem sobretudo na Austrália e na Tasmânia, como o ornitorrinco. Esses animais, apesar de terem as características típicas dos mamíferos – como pelos, glândulas mamárias e outras feições –, ainda botam ovos, que é uma característica bastante primitiva.
Os marsupiais, atualmente encontrados nas Américas e na Austrália, se diferenciam, entre outros aspectos, por possuírem uma espécie de bolsa (chamada de marsúpio) na região abdominal das fêmeas. Estas dão à luz filhote muito pequeno, pouco desenvolvido e com os membros anteriores relativamente grandes, usados para se agarrar a um mamilo. O filhote fica protegido dentro da bolsa e apenas depois de muitos meses – que varia dependendo da espécie – terá crescido o suficiente para abandoná-la. Gambás e cangurus são exemplos de marsupiais.
Por último, temos os placentários, cujo feto permanece dentro do útero e é alimentado via placenta até o nascimento. Esse é o grupo predominante nos dias de hoje, representado, entre outros, pelos elefantes, camundongos, baleias, morcegos e primatas, incluindo a nossa própria espécie.
O ornitorrinco pertence ao grupo dos monotremados, o mais primitivo dos mamíferos. Apesar de terem características típicas de mamíferos – como pelos, glândulas mamárias e outras feições –, botam ovo. (foto: Stefan Kraft/ CC BY-SA 3.0)
Registro fóssil
De uma forma geral, podemos dizer que o registro fóssil dos mamíferos não é tão pobre. São conhecidos milhares de exemplares pertencentes a formas que viveram durante o Pleistoceno (há cerca de 12 mil anos), particularmente as que integram a megafauna, cujo nome deriva do grande tamanho alcançado por algumas espécies.
Porém, à medida que se avança no tempo geológico, o registro tende a escassear. Justamente durante a era Mesozoica, quando os mamíferos se originaram, os achados são bem limitados. Quando presentes, tendem a se resumir a dentes isolados e ossos muito incompletos.
Em todo Brasil existe apenas um único registro de mamífero mesozoico publicado!
Para que os leitores da coluna tenham uma noção, em todo Brasil existe apenas um único registro de mamífero mesozoico publicado! E os pesquisadores estão procurando – e muito – por mais evidências, mas simplesmente o registro desses animais é raro.
Também é importante salientar a existência, no passado, de diversos outros grupos de mamíferos que não sobreviveram até os dias de hoje. Um desses chama-se Dryolestoidea. Acredita-se que ele esteja bem proximamente relacionado aos mamíferos ancestrais dos marsupiais e dos placentários – daí a sua importância. Mas o material disponível desse grupo é bastante limitado, o que o tornou um tanto enigmático para os pesquisadores.
Tamanho de uma avelã
O material encontrado por Rougier e colegas vem da Formação Candeleros, tida como Cenomaniana – ou seja, formada há aproximadamente 95 milhões de anos. Essas camadas afloram na província de Rio Negro, mais especificamente em uma localidade chamada La Buitrera, famosa pela ocorrência de dinossauros e também vertebrados de pequeno porte. Mas, em termos de mamíferos, a descoberta dos colegas argentinos é a primeira.
A nova espécie, que recebeu o nome de Cronopio dentiacutus, foi descrita com base em três exemplares: dois crânios e uma mandíbula. Diversas características demonstraram que essa espécie pertence ao grupo dos Dryolestoidea, particularmente aspectos dos dentes mandibulares.
Diversas características demonstraram que a nova espécie pertence ao grupo dos Dryolestoidea, particularmente aspectos dos dentes mandibulares. Por outro lado, a presença de caninos bem desenvolvidos surpreendeu os pesquisadores. (foto: Guillermo Rougier)
Mas Cronopio também tem características diferentes: o focinho é muito comprido e fino e os dentes caniniformes são muito longos. Como a grande maioria dos mamíferos da era Mesozoica, a cabeça é bem pequena: em torno de 20 milímetros – tamanho de uma avelã!
O principal – e surpreendente – aspecto desse achado está nas características especializadas do crânio (alongado e estreito) e da presença do canino bem desenvolvido.
O principal aspecto desse achado está nas características especializadas do crânio e da presença do canino bem desenvolvido
Esses traços eram inesperados, pois demonstram que Cronopio e possivelmente outros animais do seu grupo já possuíam uma notada especialização que foge ao padrão dos demais mamíferos primitivos.
Ou seja, ficou bastante claro que a história evolutiva dos primeiros mamíferos, em especial daqueles que antecederam a dicotomia entre placentários e marsupiais, é bem mais complexa do que se supunha.
Agora, os pesquisadores de diferentes países precisam continuar trabalhando bastante para ajudar a completar esse enorme e complexo quebra-cabeças que é a evolução dos mamíferos. Alexander KellnerMuseu Nacional/UFRJAcademia Brasileira de Ciências
domingo, 20 de novembro de 2011
terça-feira, 22 de março de 2011
FÓSSIL DO MAIOR DINOSSAURO CARNÍVORO ENCONTRADO NO MARANHÃO
Fóssil de dinossauro carnívoro encontrado no Maranhão é o 2º maior do mundo
O bicho viveu há 90 milhões de anos, na Ilha do Cajual, no Maranhão. De acordo com pesquisadores, é uma espécie muito parecida com outras já descritas na África.
Pesquisadores brasileiros apresentaram o fóssil do maior dinossauro carnívoro que habitou parte do nosso território. O bicho viveu há 90 milhões de anos, na Ilha do Cajual, no Maranhão. Foram apresentados vestígios da cabeça e da dentição. Estima-se que o dinossauro pesava de 5 a 7 toneladas e que tinha 12 metros de comprimento. Segundo os pesquisadores, é uma espécie muito parecida com outras já descritas na África.No Maranhão:
Espinossaurídeo Oxalaia quilombensis
Cientistas brasileiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro, (UFRJ), anunciaram ontem, [16/03], no lançamento da publicação Anais da Academia Brasileira de Ciências, a descoberta de um dinossauro gigante, a que se deu o nome de Espinossaurídeo Oxalaia quilombensis. Este é o maior dinossauro carnívoro já encontrado no Brasil. Viveu no nordeste brasileiro, mais especificamente, no Ilha de Cajual (MA), onde foi encontrado.O Oxalaia quilombensis – cujo nome homenageia Oxalá, divindade masculina mais respeitada na religião africana e também os quilombos, povoações que construídas por escravos fugidos que existiam na ilha — media de 12 a 14 metros de comprimento, pesava entre 5 e 7 toneladas e viveu há cerca de 95 milhões de anos.
Essa descoberta foi a estrela da apresentação, onde os pesquisadores do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostraram que ao encontrarem os vestígios do pré-maxilar, com sete dentes, e da narina do dinossauro, constataram que o réptil tinha mais semelhanças com outros dinossauros encontrados na costa da África do que com os descobertos até hoje em terras brasileiras, tais como os répteis da Bacia do Araripe. Verificaram também que o Oxalaia quilombensis, quando comparado a dinossauros da mesma espécie, mas encontrados na costa africana, tem dimensões significativamente maiores do que seus pares da África. A familiaridade entre esse dinossauro e os encontrados na África nos lembra que há 115 milhões de anos as terras da América do Sul e da África ainda eram unidas, permitindo a livre migração de um lado ao outro de fauna e de flora (atrvés de sementes), pois o Oceano Atlântico ainda não separava os dois modernos continentes.
Uma das características dos Espinossaurídeos são dentes mais finos e mais fracos do que os encontrados em outros dinossauros carnívoros. Essas características levou cientistas a pensarem, por muito tempo, que esses dinossauros se alimentassem de peixes. Mas há pouco tempo foi descoberta uma mordida de um Espinossaurídeo na vértebra do pescoço de um pterossauro. Isso mudou tudo e hoje então sabemos que eles tinham uma dieta mais variada, pois podia se alimentar de répteis. Os Espinossaurídeos reinavam absolutos como maiores carnívoros do país. Fora eles, não há qualquer outra espécie que ostente mais de 8 metros de comprimento no Brasil.
Fonte: www.globo.com
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